sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sei lá, a vida tem sempre razão

"Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação

Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, Sei lá
A vida tem sempre razão

A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é o descuido do não

Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão"




Do poeta que inspira meu lado masculino, já pensou minha mãe -- Vinicius de Moraes

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Dê a Baleiro o que é de Zeca

"Quando o homem inventou a roda
logo Deus inventou o freio,
um dia, um feio inventou a moda,
e toda roda amou o feio"

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Pra elevar minhas idéias não preciso de incenso
Eu existo porque penso
tenso por isso existo
São sete as chagas de cristo
São muitos os meus pecados
Satanás condecora
dona tv tem um programa
Nunca mais a velha chama
Nunca mais o céu do lado
Disneylândia eldorado
Vamos nós dançar na lama
Bye bye adeus Gene Kelly
Como santo me revele
como sinto como passo
Carne viva atrás da pele
aqui vive-se à míngua
Não tenho papas na língua
Não trago padres na alma
Minha pátria é minha íngua
Me conheço como a palmada platéia calorosa
Eu vi o calo na rosa
eu vi a ferida aberta
Eu tenho a palavra certa
pra doutor não reclamar
Mas a minha mente boquiaberta
Precisa mesmo deserta
Aprender aprender a soletrar

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Não me diga que me ama
Não me queira não me afague
Sentimento pegue e pague
emoção compre em tablete
Mastigue como chiclete
jogue fora na sarjeta
Compre um lote do futuro
cheque para trinta dias
Nosso plano de seguro
cobre a sua carência
Eu perdi o paraíso
mas ganhei inteligência
Demência, felicidade,
propriedade privada
Não se prive não se prove
Dont't tell me peace and love
Tome logo um engov
pra curar sua ressaca
Da modernidade essa armadilha
Matilha de cães raivosos e assustados
O presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado
Lugar de ser feliz não é supermercado

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

O inferno é escuronão tem água encanada
Não tem porta não tem muro
Não tem porteiro na entrada
E o céu será divino
confortável condomínio
Com anjos cantando hosanas
nas alturas nas alturas
Onde tudo é nobre
e tudo tem nome
Onde os cães só latem
Pra enxotar a fome
Todo mundo quer quer
Quer subir na vida
Se subir ladeira espere a descida
Se na hora "h"o elevador parar
No vigésimo quinto andar
der aquele enguiço
Sempre vai haver uma escada de serviço

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor

Todo mundo sabe tudo todo mundo fala
Mas a língua do mudo ninguém quer estudá-la
Quem não quer suar camisa não carrega mala
Revólver que ninguém usa não dispara bala
Casa grande faz fuxico quem leva fama é a senzala
Pra chegar na minha cama tem que passar pela sala
Quem não sabe dá bandeira quem sabe que sabia cala
Liga aí porta-bandeira não é mestre-sala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mas nisso não se fala

Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor


(Piercing -- rap metal, meu bom!)

domingo, 21 de junho de 2009

NADA!

Nada será igual ou tão provocante
Nada será tão completo ou tão substancial
Nada terá o mesmo sabor doce de descoberta
Nada me falta tanto... tanto sublime amor
Nada começa pequeno e tão grande se torna
Nada substituirá, seja maldição ou não
Nada será tão sofrível quanto meu café solúvel.

terça-feira, 16 de junho de 2009

AUSÊNCIA

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Quem tem medo da mídia má?

O medo é um sentimento que está em nós desde a infância e durante a vida aprendemos a lidar com ele. A sociedade contemporânea das grandes metrópoles, dominada pelo acréscimo deste sentimento tem como referencial infantil a mídia no papel de lobo mal propagador das grandes neuras cotidianas.
Muito se explica a mídia partir de um padrão sócio-cultural relacionada a arte da informação doutrinar seu conteúdo de divulgação e divagação das notícias como interesse mercadológico. Todos, claro, têm receio da violência urbana, mas o que preocupa é o quanto a veiculação de notícias pode disseminar um medo específico influenciador no comportamento dos cidadãos.
Segundo Barry Glassner, autor do livro “Cultura do medo”, muitas vezes a mídia não tem discernimento para discutir dados sobre criminalidade e coloca em questão a realidade dos fatos divulgados por ela. Nos EUA, as pessoas têm a impressão de que a criminalidade vem aumentando e ao contrário, está diminuindo. O crime cai e o medo aumenta, a população está iludida.
A indústria cultural, cuja técnica é a força produtiva, mascara uma realidade e desvela o germe da barbárie no interior da civilização, aprisionando as pessoas a viverem uma “agorafobia”.
Normalmente, jornalistas deveriam tomar contato com estudos e pesquisas de conteúdo para entender os problemas sociais encontrados nas grandes cidades, no entanto, ela utiliza outros meios para esclarecer a situação, corta o caminho da apuração da notícia e se baseia em fatos apenas contados.
Considerar e bater de frente com as mazelas do ritmo intenso das grandes cidades, pode ir contra os interesses da mídia. Ela sobrevive e cresce cada vez mais nesse modo de vida consumista e competitiva. A explicação da mídia pode embarcar o telespectador mais desatento numa rede de preconceito contra aqueles que adquiriram transtornos psicológicos causados por ela, num processo ainda maior de exclusão da sociedade para com esses moribundos.
Pode-se perceber que pessoas que adquirem transtornos são apropriadas como personagens e ao mesmo tempo vítimas da cultura do medo, veiculadas insistentemente pela mídia em forma de notícias sobre crimes, drogas, doenças misteriosamente encontradas e minorias.
Um dos casos mais característicos dessa propagação do medo aconteceu em São Paulo, em maio de 2006, com o ataque do Primeiro Comando da Capital (PCC) aos principais pilares da cidade.
Nesse episódio a mídia sensacionalista serviu de “assessora de imprensa” dos bandidos e divulgou notícias em excesso, causando maior apreensão da população, além de ‘manchetar’ notícias confusas e desencontradas. Apressadas para dar o furo de reportagem, as informações eram muitas vezes divulgadas erroneamente, alcançando cada vez mais o objetivo da facção.
Não era de se espantar que os ataques levaram a sociedade a um verdadeiro caos, acabando com a rotina da grande cidade, acostumada com a ordem. Um ataque muito bem planejado, que contou com o “apoio” da mídia que ampliava a magnitude dos ataques por causa da repetição das imagens e notícias.
Muito do que se espera da imprensa foge de um contexto real, cria a ilusão de uma sociedade desgastada pela rapidez das notícias e propaga o medo inconsciente; a vilã da história que devora toda uma sociedade.
Crítica de Mídia -- 'Medo e Mídia'

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Novo ciclo

"(...) eu vejo um novo começo de Era, com gente fina, elegante e sincera (...)"

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Humanos, seres humanos.

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Ser humano.
Humano ser.
Seres humanos.
Ser, humano.
Se rumano.
Ser um mano.
Um ano ser.
Se res um ano.
Seh, mano.
Uma no ser.
Se resumano.
Se ruma no.
Uma noz seres.
Ser és humano.


.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Frenesi

Ela o esperava ávida na lembrança do seu olhar. Ele caminhava ao encontro do seu balançar de cabelos. O cheiro. O apertar dos peitos pulsantes sobre o cheiro da roupa limpa. O perfume que pulava das têmporas emaranhando o abraço. No sacolejar do ônibus, o breve contato da epiderme em ânsia pelo oculto desejo da madrugada.

Olho no olho. As palavras saiam dos lábios carnudos, levemente rosados, com a mesma delicadeza com que tocava o copo num gole carregado de cerveja. O sorriso observava cada detalhe dos dedos. Enxergavam o ouro no toque de Midas.

Distração. A música sugeria o balançar dos quadris. Outros corpos circulando, mas a inconsciente atenção representava o desejo de se consumirem. Da sedução do jogo de sinuca ao voraz gole na catuaba. Jogos executados com precisão.

Já atordoada, ela saiu do carro e pôs a segui-lo. Mantinha-se caminhando em passos leves e sua respiração ofegava sedenta ao adentrar à casa. Vagarosamente, ele passou a chave pela fechadura, virou-se e penetrou todo o seu desejo pelos segundos que a observou.
Comprimiu-a contra a parede, face a face se tocaram. Depois, os beijos que retraiam a cordialidade do reencontro.
As mãos procuravam o que a noite inteira sabia estar ali. Os lábios dele delineavam os seios dela com delicadeza, fazendo-a sentir atravessar suas entranhas. As calças já nos pés. Como um bailarino desajeitado, deslizou-a em seu tórax, nus...
Sem descolar os lábios, apressaram-se em arrancar o pano do corpo e o horizonte da cama tinha um único ritmo. Ela o contraia para dentro de si como se quisesse roubar sua alma. Os gemidos soavam no lugar das buzinas dos carros que se recolhiam na avenida vizinha.
Sob a meia luz que adentrava o vão da janela, os perfis dos corpos emendavam-se num gozo quente que escorria pelo suor.
Os seios dela balançavam sobre os pêlos do peitoral dele. Ao dente, ardente. Num vai-e-vêm dos quadris, já cantado noutra década, remixado no estalar das palmadas. Um frenesi absoluto de sensações.
Último respiro profundo, intenso, parecido com um grito oco, e os corpos se colam novamente, rendendo-se ao cansaço. Aos poucos, os hormônios relaxam enquanto as mãos se encontram para dizer ‘boa noite’.
Sobre a cama, dois corpos nus repousavam leves; no chão, as roupas ao avesso; no ar, a essência de prazer.

Ela vestiu sua camisola e foi hidratar-se. Ele sorriu misteriosamente ao vê-la retornar e já apalpando suas coxas, acariciou seu ego todo aflorado na pele, seu íntimo. Seu toque transformou em ouro a aura dela, deixando seu corpo trêmulo, implorando pelas batidas de quadris.
Ele penetrou profundamente no seu interior, ela o apertava para si gemendo, gemendo, gemendo... a física do colégio compreendida no prazer sexual: a troca de calor. No ouvido, a respiração propagada em ondas sonoras de arrepiar o tímpano.
A boca percorria o corpo, enquanto as batidas de coxas e o coração aceleravam descompassados. Um sob o outro, um gozo único: ele nela e ela nele. Relax.
O coito matinal capaz de substituir o café da manhã. Suado, molhado, carnal... Um consumo frenético e ganancioso de prazer, claramente compreendido no cruzamento dos olhares dele e dela.
(Conto erótico)

quinta-feira, 19 de março de 2009

[ . Vazio e Colesterol Alto . ]

'Yesterday I got so old
I felt like I could die
Yesterday I got so old
It made me want to cry
Go on go on
Just walk away
Go on go on
Your choice is made
Go on go on
And disappear
Go on go on
Away from here
And i know i was wrong
When i said it was true
That it couldn't be me and be her
Inbetween without you
Without you
Yesterday I got so scared
I shivered like a child
Yesterday away from you
It froze me deep inside
Come back come back
Don't walk away
Come back come back
Come back today
Come back come back
What can't you see
Come back come back
Come back to me
And I know I was wrong
When I said it was true
That it couldn't be me and be her
Inbetween without you
Without you'
.
.
.
.
.
Por vezes entendo muito bem porque The Cure faz tão bem pro ego.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Tato, olfato, arrepio, gozo, movimento, papo e sensações

Começou o ano e tudo parece ter mais sentido.
Um simples respirar traz de volta a filosofia que há muito não pulsava como ansiedade.

Do contato da pêle ao acento que não existe mais é a química de viver que nos torna tão homens, tão mulheres, tão homossexuais ou tão pansexuais. Do amor platônico ao comercial.



O que era grande ficou insignificante.
O que era bonito tornou-se barato.
O que não se via é tão constante.
O que era feio volta glamouroso.
O que era sobrevivência agora é sonho.
O que era desejo tem pouco de realidade.
O que era sonho parece muito real.
O que era sujeira pode ser remediado.
O que é tóxico não dá mais barato.
O que se falava voltou a ser pauta.
O que não se falava ficou pra outra história.
O que é amizade continua como certeza.
O que machucava hoje desapertou.
O que defendia virou meta de vida.
O que respirava continua poluição.
O que comia gerava tristeza.
O que preferia eram as conquistas impossíveis.
O que me acalmava era desilusão sofrida.
O que me refresca é a gelada na padaria.
O que me abraçava não tinha sinceridade.
O que precisava era de um sorriso.
O que quero é tato, olfato, arrepio, gozo, movimento, papo... sensações.



É a irreverência que dá o friozinho na barriga, cara-de-pau,
E assim espero seguir até o ponto mais arriscado do abismo.


ADRENALINA, meu bom!



"João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história."
(Quadrilha -- Carlos Drummond de Andrade)