terça-feira, 24 de novembro de 2020

Lego logo

 Acordei com o cabelo sujo, todo rebuscado 

Semelhante às vozes do dia que nascem no meu quintal

Poderia ser mais um dia...

E foi! 

Mais um dia em 365 deles, anormais ou não


A gata mais carente...

"Será que a castração não deu certo?"

Mais um dia

Dum lado leio que o Universo grita ação

Noutro diz pra ficar na minha

Qual seria a minha, a sua, a nossa? 

Na dúvida, ouço só os azulejos gritarem

O fígado

A mandíbula 

A mente

O passado...

Gritam num som que não conheço, mas me familiarizo

Não tem dentro e nem fora

Geladeira vazia

Grito! 

Acabou a cerveja?

Não estava nem no cardapio de prolongar o dia até 22:00, de expediente ininterrupto

- olha lá o azulejo gritando, a gata miando e o tempo passando... 

Chega né? Ainda é terça! 

O Universo já girou, nenhum móvel estalou e logo, logo...

Ah, oooooooo logo logo... 

Nem vc restou! 

quarta-feira, 2 de março de 2016

Castelo de areia

Ele poderia ter nascido Escorpião, mas foi em Sagitário, sem combinação astral de folhetim, que chegou para bagunçar os dias que não foram contados pela Disney.

Até parece que eu não imaginava que de infantil essa relação não teria nada! Pá, pum, pronto: decisão de gente grande é querer acordar junto todos os dias, no meio da noite, no susto da tarde num final de semana, na hora atrasada da sexta-feira...

Contar moeda é a nova canção pra ninar, inclusive aquelas perdidas embaixo do sofá. Contar se a mistura chega ao final do mês, contar quantas vezes você reclama em ter que lavar a louça todos os dias. Amanhã não será diferente, igual a daqui a pouco. Quero contar pra todo mundo que você vai estar lá.

Não tem roupa nova, restaurante diferente, nem móvel na sala... prefiro tudo assim: NU - Nós Unidos em qualquer lugar, fazendo qualquer coisa. Eu querendo sonhar e você preferindo economizar.

Tão melhor é quando seus olhos me abraçam, não me julgam, me desejam e me brilham. Pode não saber usar tão bem quanto eu queria as palavras, mas seus olhos... ah, seus olhos! Um Oceano turbulento e infinito.

Eu te amo desde o dia em que colocou seu Oceano na minha ilha, preenchendo todo o meu redor, levando os navios pra desembarcarem em outros portos, só pra preservar nosso sol e nossa tempestade. Nossa casa.

Blá! Descobriu que você não só me faz piegas, mas que sempre fui nada modernosa, nada urbana, nada tecnológica, nada independente, nada desbravadora como você... sou eu com você, quem nunca nem tinha dado as caras, aliás, uma ‘máscara’ de mim, escancarada para a sociedade.

Não vai ter mignon na janta. Vai ter arroz, feijão e Sazon, digo, amor! A carne é da mistura de ontem e, se faltar, tem moeda na minha bolsa pra um quilo de salsicha. E quem vai querer comer se a sobremesa é pegar no sono deitados no sofá?

segunda-feira, 7 de julho de 2014

E chegou o dia do meu aniversário!

E chegou e já acabou!

A seleção brasileira ainda nem jogou na partida semifinal da Copa do Mundo no Brasil. Nem fez história, nem contarei história sobre o ano de 2014. Há alguns anos, venho me questionando se no dia do aniversário a gente comemora mais ou menos um ano de vida. E sobre estes questionamentos, que não tem nada a ver com a Copa do Mundo, é que o inferno astral vem me desafiar.

(Antes que eu me esqueça, ano que vem esse tal de inferno astral está com suas férias decretadas no mês que antecede a presente data!)

Entre os recados e felicitações virtuais, bateu saudade daquele tempo em que era preciso consultar a agenda para lembrar o dia certo de cada aniversário. Isso quando o desafio não era circular um caderno de perguntas e respostas para se ‘antenar’ sobre outros aniversários, aqueles que faziam ou não a compatibilidade astral amorosa. Hoje, quando me perguntam a data do meu nascimento, mesmo que de fácil memorização (07/07), prefiro que me adicionem em alguma rede social para ser lembrada. Acho que algumas pessoas - importantes - não tiveram acesso ao folhetim digital.

Problema maior foi o telefone não tocar. Quer dizer, tocou algumas vezes, mas não tocou do jeito que meu coração queria. Maldito inferno astral! Há duas semanas não sei ouvir tocar o telefone do jeito que meu coração quer. Por que no dia do aniversário seria diferente, não é mesmo?

Não tive bolo. Eu que tanto faço questão de participar de festas de aniversário por aí para saborear o grande destaque, só consumi o açúcar de balinhas de goma. Nenhum chantilly para lambuzar os cantos da boca, o nariz, o estômago. Triste, não?

Caro leitor deste post, o dia não foi só reclamações, desgraças, auto-piedade, nada disso. Não pense você que não busquei endorfina no primeiro dia de academia. Ganhei inúmeros mimos da dona Rosângela. Amigos, aqueles de verdade, tiveram uma boa oportunidade para conversarmos e conversamos. Ainda não usei aquela camiseta que, na minha teoria, deveria ser obrigatória aos aniversariantes, mas ainda a usarei. Brindei e comi bem.

E sabe de uma coisa? Já me arrependi de ter escrito tudo isso. Posso voltar para a meia noite da segunda-feira, sete de julho de 2014, meu aniversário?

Não, Juliana, não pode. Uma pena que você não soube aproveitar.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sobre o dia das mães...

Entre os clichês existentes em datas comemorativas, dizer que o dia das mães deve ser todos os dias é o mais verdadeiro deles. Sim! Porque o dia das mães é concebido diariamente por elas próprias, 24 horas sobre esse dia. Mas okay, ao menos existe um dia programado para os agradecimentos acontecerem com direito a todos os maiores clichês possíveis e imagináveis dos pequenos terroristazinhos que somos nós: os filhos.

Entre todas as publicações, fotos e declarações que observei na minha timeline do Facebook, óbvio que vou escolher a minha homenagem como a melhor - não poderia deixar de fazer, acordei rabiscando palavras na cabeça. Mas não retirarei o mérito das inúmeras palavras de amor verdadeiro, elogios nunca dito antes às “heroínas” do dia-a-dia, seja por esquecimento ou por pura vergonha de o fazer numa quarta-feira depois do almoço.

Assim, vejo que essa é a data comemorativa onde os clichês podem parecer forçados, porém os cabe com sentimentalismo amoroso, me soa verdadeira a profecia de vida eterna à todas as nossas mães, sejam elas avós, tias,madrinhas, madrastas, adotivas... a figura que toda mulher, bem ou mal sucedida, em algum momento da vida já se viu exercendo. Não poderia ser diferente no meu caso que, com toda referência materna que tive até o dia de hoje, procriar amor para o mundo continua sendo o mais forte desejo entre os muitos objetivos dessa caminhada.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

“Alô?! Alô?! Tem alguém aí?”

Tem, tem sim! Alguém tentando se renovar, se readaptar, recomeçar.

Sem pensar no intervalo do último ponto final ao novo post deste blog, um novo fazer, esperando a nova fornada de tortas sair do forno, o ganha pão mudou de rumo, mas a formação acadêmica não me tira a habilidade de escrever.

Cá estou novamente, montando um portfólio profissional, colocando para fora as ânsias pessoais, muito mais difícil do que as pautas programadas para o dia.

Então, em ritmo de samba: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”! Cada dia um novo recomeço. Um passo de cada vez. E o ponto final, de verdade verdadeira, só acontecerá quando não houver mais jeito de respirar. 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

. Não quem sou, mas quem estou

Se mulher, versão 1,60m acima do peso, cabelos pelo ombro quimicamente modificados junto de uma franja charmosa. Muitas palavras na boca, um fígado trincado, pés inquietos por novos lugares. Roupas fora da moda, qualquer uma que ainda mantenha em liberdade os movimentos. Sou falsa e adoro falso moralismo. Amigos que ficam, foram e os que chegam. Amo qualquer um que me pague uma boa cerveja e troque meia dúzia de palavras. O coração pulsa e os segundos correm.


Se homem, versão 1,80m-e-todos, moreno, alto, bonito e sensual. Brilhantes olhos esmagadinhos, um sorriso iluminado. Da descendência indígena, cabelos jogados a própria sorte e todo charme-sedução para organizá-los. Um skate no pé, sem fé para remar. Idéias... todas nas minhas mãos que transpiram de ansiedade. Um copo, um som, um filtro vermelho para tragar. Mentirinhas pela noite inteira só para encantar.


Se hermafrodita, a junção dos filhos de Hermes e Afrodite, amor. Sempre uma nova história para contar regada a gelados copos entre corpos emaranhados. Sonhos todos para fantasiar: uma casa, um lar, crianças porretas e revolucionárias. A mamadeira de leite em pó misturada com a cerveja na geladeira. O professor do Kama Sutra para a terceira idade e a velhinha de cabelos longos naturalista. Em estado de êxtase eterno.

sábado, 19 de junho de 2010

Até a próxima, Saramago.

Triste só sentir de fato a intensidade de um MESTRE quando ele se vai. Meu contato não foi diferente com Saramago. Seus livros tão deliciosamente instigantes me deram medo de começar ao menos um, de uma coleção que tenho em casa. Medo! Essa é a sensação clara quando penso nas mais de 500 páginas da sua literatura. Medo de ler? Preguiça? Não! Medo de deixar que todo meu interior se voltasse a um passado ideológico tão meu, tão dele, tão de todos nós se existisse o bem comum capaz de acolher todas as formas de vida nessa “Pátria amada, Brasil!”.

De fato é a hora certa de abrir o seu livro, controlando o frio que dá na barriga, mas é o momento. Quem sabe algumas respostas pelas quais sempre procurei estivessem ali, paradas no móvel da sala me convidando a encontrá-las?

Dos filmes, a projeção de que todos vivemos um “Ensaio sobre a cegueira” comovente, mas que não abre na cabeça das pessoas uma reflexão sobre suas vidinhas pacatas, nem na minha abriu... Sentiu o medo?

E de todas as declaradas palavras sonoras, grafadas, proferidas à Pilar, um pedaço da sua amorosa intimidade “José e Pilar” em novembro.

Português, jornalista, comunista, ateu. Letrista, Nobel. Nasceu, viveu, morreu. Lá se foi grafar mais linhas de conhecimento pelos vagos espaços da matéria. Começar no céu o que nunca a Terra experimentou: o amor em todas as suas formas.

Pensar, pensar

Junho 18, 2010 por Fundação José Saramago

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008