quinta-feira, 16 de abril de 2009

Humanos, seres humanos.

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Ser humano.
Humano ser.
Seres humanos.
Ser, humano.
Se rumano.
Ser um mano.
Um ano ser.
Se res um ano.
Seh, mano.
Uma no ser.
Se resumano.
Se ruma no.
Uma noz seres.
Ser és humano.


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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Frenesi

Ela o esperava ávida na lembrança do seu olhar. Ele caminhava ao encontro do seu balançar de cabelos. O cheiro. O apertar dos peitos pulsantes sobre o cheiro da roupa limpa. O perfume que pulava das têmporas emaranhando o abraço. No sacolejar do ônibus, o breve contato da epiderme em ânsia pelo oculto desejo da madrugada.

Olho no olho. As palavras saiam dos lábios carnudos, levemente rosados, com a mesma delicadeza com que tocava o copo num gole carregado de cerveja. O sorriso observava cada detalhe dos dedos. Enxergavam o ouro no toque de Midas.

Distração. A música sugeria o balançar dos quadris. Outros corpos circulando, mas a inconsciente atenção representava o desejo de se consumirem. Da sedução do jogo de sinuca ao voraz gole na catuaba. Jogos executados com precisão.

Já atordoada, ela saiu do carro e pôs a segui-lo. Mantinha-se caminhando em passos leves e sua respiração ofegava sedenta ao adentrar à casa. Vagarosamente, ele passou a chave pela fechadura, virou-se e penetrou todo o seu desejo pelos segundos que a observou.
Comprimiu-a contra a parede, face a face se tocaram. Depois, os beijos que retraiam a cordialidade do reencontro.
As mãos procuravam o que a noite inteira sabia estar ali. Os lábios dele delineavam os seios dela com delicadeza, fazendo-a sentir atravessar suas entranhas. As calças já nos pés. Como um bailarino desajeitado, deslizou-a em seu tórax, nus...
Sem descolar os lábios, apressaram-se em arrancar o pano do corpo e o horizonte da cama tinha um único ritmo. Ela o contraia para dentro de si como se quisesse roubar sua alma. Os gemidos soavam no lugar das buzinas dos carros que se recolhiam na avenida vizinha.
Sob a meia luz que adentrava o vão da janela, os perfis dos corpos emendavam-se num gozo quente que escorria pelo suor.
Os seios dela balançavam sobre os pêlos do peitoral dele. Ao dente, ardente. Num vai-e-vêm dos quadris, já cantado noutra década, remixado no estalar das palmadas. Um frenesi absoluto de sensações.
Último respiro profundo, intenso, parecido com um grito oco, e os corpos se colam novamente, rendendo-se ao cansaço. Aos poucos, os hormônios relaxam enquanto as mãos se encontram para dizer ‘boa noite’.
Sobre a cama, dois corpos nus repousavam leves; no chão, as roupas ao avesso; no ar, a essência de prazer.

Ela vestiu sua camisola e foi hidratar-se. Ele sorriu misteriosamente ao vê-la retornar e já apalpando suas coxas, acariciou seu ego todo aflorado na pele, seu íntimo. Seu toque transformou em ouro a aura dela, deixando seu corpo trêmulo, implorando pelas batidas de quadris.
Ele penetrou profundamente no seu interior, ela o apertava para si gemendo, gemendo, gemendo... a física do colégio compreendida no prazer sexual: a troca de calor. No ouvido, a respiração propagada em ondas sonoras de arrepiar o tímpano.
A boca percorria o corpo, enquanto as batidas de coxas e o coração aceleravam descompassados. Um sob o outro, um gozo único: ele nela e ela nele. Relax.
O coito matinal capaz de substituir o café da manhã. Suado, molhado, carnal... Um consumo frenético e ganancioso de prazer, claramente compreendido no cruzamento dos olhares dele e dela.
(Conto erótico)