sábado, 19 de junho de 2010

Até a próxima, Saramago.

Triste só sentir de fato a intensidade de um MESTRE quando ele se vai. Meu contato não foi diferente com Saramago. Seus livros tão deliciosamente instigantes me deram medo de começar ao menos um, de uma coleção que tenho em casa. Medo! Essa é a sensação clara quando penso nas mais de 500 páginas da sua literatura. Medo de ler? Preguiça? Não! Medo de deixar que todo meu interior se voltasse a um passado ideológico tão meu, tão dele, tão de todos nós se existisse o bem comum capaz de acolher todas as formas de vida nessa “Pátria amada, Brasil!”.

De fato é a hora certa de abrir o seu livro, controlando o frio que dá na barriga, mas é o momento. Quem sabe algumas respostas pelas quais sempre procurei estivessem ali, paradas no móvel da sala me convidando a encontrá-las?

Dos filmes, a projeção de que todos vivemos um “Ensaio sobre a cegueira” comovente, mas que não abre na cabeça das pessoas uma reflexão sobre suas vidinhas pacatas, nem na minha abriu... Sentiu o medo?

E de todas as declaradas palavras sonoras, grafadas, proferidas à Pilar, um pedaço da sua amorosa intimidade “José e Pilar” em novembro.

Português, jornalista, comunista, ateu. Letrista, Nobel. Nasceu, viveu, morreu. Lá se foi grafar mais linhas de conhecimento pelos vagos espaços da matéria. Começar no céu o que nunca a Terra experimentou: o amor em todas as suas formas.

Pensar, pensar

Junho 18, 2010 por Fundação José Saramago

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008